A loira mais querida do Brasil retorna aos estádios depois de grande lobby da FIFA
Gabriel Pontes
Mulheres usando apenas tinta como roupa, musas desfilando, um dos estádios mais bonitos do mundo e, para muitos, nada. Nada foi mais importante do que a volta da tradicional cerveja aos estádios de futebol. Foi isso que se viu na reinauguração do Mané Garrincha, no sábado (18). Amigos bêbados conversando alto e assobiando para as beldades, argentino alegrinho sacaneando corintiano, amigas se revezando no banheiro. Tudo culpa dela. Nem a bagatela de R$ 5,00 por latinha desanimou os botequeiros.
O estatuto do torcedor havia proibido, desde 2003, a venda de bebidas alcoólicas dentro e nos arredores dos estádios. A proibição ocorreu depois que, em agosto de 1995, Márcio Gasparim, torcedor do São Paulo, que tinha 16 anos, foi morto a pauladas por um palmeirense embriagado. Porém, a regra só passou a ser cumprida em 2008.
Desde então estava proibido encostar o cotovelo no balcão, tomar uma cerva e assistir a uma partida de futebol. Depois de longas negociações e lobbies de todos os lados, ela voltou. “A bebida alcoólica é parte da Copa do Mundo da Fifa. Então vai ter. Me desculpe, eu posso parecer um pouco arrogante, mas isso é algo que a gente não negocia. Tem que ser parte da lei o fato de que nós temos o direito de vender cerveja”, disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em defesa à cerveja.
Silvio Lopes estava vendendo bebidas na inauguração do Estádio Nacional Mané Garrincha e comentou a volta da cerveja. “Já vi gente usando drogas dentro do estádio e ninguém fez nada. Proibir a bebida é fazer uma maioria de inocentes pagar pelos marginais. Têm que melhorar a segurança dentro dos estádios de outro jeito”.
Economicamente, a cerveja é, sem dúvidas, um grande negócio para o Brasil. “A nossa parceira, inclusive, é uma empresa brasileira”, disse Valcke, lembrando que a AmBev integra a AB InBev. As autoridades, porém, devem se preparar para eventuais problemas causados pelo excesso de bebida. (Se bem que, pra encher a cara de cerveja a R$ 5,00 a lata, vai ser preciso ter mais do que apenas vontade de beber).
Um grupo de governadores, encabeçado pelo mineiro Antonio Anastasia (PSDB), tentará, entre os dois eventos, tornar a liberação definitiva para que a cerveja possa ser vendida também nos campeonatos nacionais. Para isso, eles farão levantamentos dos índices de violência nos jogos com e sem bebida. Se a diferença não for significativa, enviarão um projeto sobre o tema ao Congresso.